4 de fevereiro de 2004

HÁ LÁ COISA MAIS PERIGOSA
que o amor? O homem que ama não tem medo, nem pode ser manipulado por nada exterior a esse sentimento. Não se lembra da missa, nem de rezar como lhe exigiram, não se lembra de escolher alguém que sirva os interesses dos outros, porque a pessoa que tem na frente lhe parece a única. O homem que ama não calça as botas cardadas para sair à rua à procura de gente diferente dele a quem possa ferir antes que o magoem a ele; não tem medo da diferença porque ele próprio se sabe único. Amar e compreender são sinónimos, porque quem ama quer saber tudo o que há sobre a face da terra, e para saber tudo tem de abrir o coração ou muitas seriam as coisas que cairiam por terra.
Alguém já o disse, mas eu repito-o, porque as palavras são para serem tomadas como nossas quando nos revemos na forma das suas linhas: os políticos têm medo do amor, as instituições têm medo do amor; os lóbis têm medo do amor. Do amor em sentido lato. Têm medo que a gente os compreenda, que olhe para eles e em vez das vestes púrpuras ou dos fatos Armani vejamos o homem fraco que na sua insegurança fará tudo pelo poder. E para isso necessita de nos manipular, de nos criar medos, de nos dar com uma mão para nos poder tirar com a outra. O seu maior medo é que não dancemos ao som da sua música. Porque ficariam sozinhos e minúsculos...
Mas como pode dançar apenas com a música dos mesquinhos o homem que procura ter dentro de si a música do mundo inteiro?

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